29.4.19

Sessão Solene alusiva ao dia do Alferes Tiradentes



Boa noite.

Queria saudar e agradecer a vossa presença nesta Sessão Solene alusiva ao Alferes Tiradentes, herói da Inconfidência Mineira, em consequência do levantamento para a libertação do Brasil da opressão, social, econômica e política da monarquia expressa na coroa portuguesa.

Não podíamos iniciar esta cerimônia sem fazer alusão ao homem que foi Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes. Conhecemos ele de forma vulgar pelo feriado do dia 21 de abril, em homenagem ao maior nome da Inconfidência Mineira. Mas ele, é muito maior que isso. Joaquim José da Silva Xavier, Alferes de cavalaria dos Dragões Reais de Minas, militar atuante na Capitania de Minas Gerais, sob o comando do então Governador de Minas, Visconde de Barbacena e subordinada à Coroa Portuguesa. Joaquim José da Silva Xavier era um intelectual que, aos 30 anos viu a independência dos Estados Unidos da América, fato que revelou nele sentimentos revolucionários de libertação e independência do Brasil. Alinhado com Cláudio  Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, já conhecedores das ideias do Iluminismo Francês, uniram-se com o objetivo de retirar o poder ao então Governador da Capitania de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, nomeado ao tempo pela Coroa Portuguesa. Divulgador dos ideais revolucionários, já em 1788 começou a ser planejada por Tiradentes e seus apoiadores a Inconfidência Mineira. Cabe à história que, apesar do Tiradentes em meio a muitos apoiadores moderados, ficou conhecido como o mais radical dos rebeldes, pela forma como divulgava e discutia abertamente as suas ideias revolucionárias.

Chegou mesmo a tramar e planejar a morte ao tempo do Governador de Minas, Visconde de Barbacena, fato que não foi concretizado pela delação em confissão de um dos inconfidentes, José Silvério dos Reis, levando ao desmantelar da trama e prisão de todos os envolvidos.  

Joaquim José da Silva Xavier foi preso, julgado e condenado pelo tribunal inquisitorial da Coroa Portuguesa. O herói da Inconfidência Mineira foi enforcado por decisão dos juízes inquisitoriais em 21 de abril de 1792. Decapitado e esquartejado, seu corpo e membros foram espalhados pela estrada – o caminho novo – que ligava Ouro Preto ao Rio de Janeiro para que servisse de exemplo à população.

Dando um salto no tempo é fato que, tanto no período imperial quanto no período republicano, Joaquim José da Silva Xavier ganhou a imagem nacional do Alferes Tiradentes e passou a ser tomada como um símbolo da Liberdade e Independência do Brasil.

Em 1965 em plena fase do regime militar no Brasil, o Presidente Castelo Branco, sancionou a Lei nº 4.897, de 9 de dezembro que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e o Alferes Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier reconhecido oficialmente como Patrono da Nação Brasileira.

Não queria terminar a minha fala sem contudo, passar aos presentes nesta Sessão Pública alusiva ao Alferes Tiradentes, algumas considerações e interpretações de um cidadão naturalizado brasileiro, mas nascido em Portugal, hoje uma nação republicana e democrática.

Pode parecer estranho tal fato, mas na visão da História não é. Entendo que a história e os feitos dos nossos maiores não devem ser esquecidos, omitidos ou simplesmente apagados da nossa memória e cultura. Devem sim fazer parte de nós como cidadãos, da nossa educação e prática desde os bancos da escola.

Digo isto porque, sendo a História a base do conhecimento e desenvolvimento do ser humano ao longo da sua existência, não deve ser propositadamente subtraída ao conhecimento da humanidade.

Por isso, ao chegar no Brasil com absoluta certeza de querer ficar, comecei a constatar fatos, conhecimentos e informação que nunca tinham vindo ao meu conhecimento. É fato que os descobrimentos portugueses e suas descobertas pelo mundo sempre me interessaram como informação genérica, não como investigativa. Mas de tudo o que li aqui no Brasil, nada era parecido, tão forte e elucidativo como o que tinha lido e constatando nos arquivos do Arquivo Histórico da Torre do Tombo.

A compra de livros no Brasil foi a solução para tirar dúvidas, ficar com informação e dados que desconhecia. O resultado foi surpreendente porque, nos ensinaram que o “Brasil tinha sido descoberto por um almirante de nome Pedro Alvares Cabral” e pouco mais. Sobre Capitanias, como eram administradas, social, política, econômica e religiosa, era segredo como vim a saber mais tarde. Esses arquivos, na década de 50, 60 e 70 faziam parte de acervo muito bem guardado e acesso restrito.

Pode dizer-se que os mal feitos, atrocidades, e mortandade, foi fruto de uma época de expansão e desenvolvimento de um país no caso Portugal - (séc. XIV ao séc. XIX).  
   
Mas não podia ter sido omitida a informação dos fatos ocorridos, fossem eles da Coroa Portuguesa ou da Inquisição Teológica. A esses, a humanidade deveria ter tido acesso e conhecimento.

Reafirmo o que mencionei no parágrafo 6 - Entendo que a história, os feitos dos nossos maiores não devem ser esquecidos, omitidos ou simplesmente apagados da nossa memória e cultura. Devem sim fazer parte de nós como cidadãos, da nossa educação e prática desde os bancos da escola.

Este princípio tem igual valor em Tiradentes, Cidade Histórica, com um Patrimônio e Cultura que deve ser preservado e mantido contra toas as investidas sejam elas imobiliárias, mineradoras ou outros interesses particulares e politiqueiros.

Por isso, o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes deve continuar a manter a guarda destes valores imemoriais. Incluo aqui o Plano Diretor Municipal Participativo de Tiradentes, documento fundamental na compreensão e aplicação dos valores Históricos e Culturais.

Termino como uma saudação ao Herói Tiradentes – Joaquim José da silva Xavier, à Cidade de Tiradentes e um VIVA AO BRASIL .


Tiradentes, 21 de abril de 2019.

Antônio Proença


24.4.19

DISCURSO 31 ANIVERSÁRIO TIRADENTES, MG



Senhor Prefeito Municipal, José Antônio do Nascimento;
Senhor Vice-Prefeito, Luiz Carlos Barbosa;
Senhor Presidente da Câmara Municipal, Nilton Francisco Barbosa Junior;
Senhores Vereadores aqui presentes;
Senhor Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, Rogério de Almeida;
Senhores e Senhoras integrantes do retrocitado Instituto;
Reverendíssimo Pároco, Pe. Adelmir Sebastião Longatti.
Demais autoridades aqui presentes.
Prezados Senhores e Senhoras presentes a esta cerimônia.

A mim, enquanto membro do Instituto Histórico e Geográfico  de Tiradentes, coube-me a honrosa tarefa de discursar nesta solene sessão, em que que, com muito júbilo, comemoramos o trigésimo primeiro aniversário de emancipação política desta magnífica cidade, que há vinte e cinco anos escolhi para ser a minha cidade, e que, no ano de 2013, orgulhosamente, fui escolhido para ser um de seus cidadãos honorários.

Sobre esta importante cidade dentro do cenário artístico, histórico e cultural, assim se registra a história:

“A Cidade de Tiradentes foi fundada por volta de 1702, quando os paulistas descobriram ouro nas encostas da Serra de São José, dando origem a um arraial batizado com o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes. O arraial, posteriormente, passou a ser conhecido como Arraial Velho, para diferenciá-lo do Arraial Novo do Rio das Mortes, a atual São João del Rei. Em 1718, o arraial foi elevado à vila, com o nome de São José, em homenagem ao príncipe D. José, futuro Rei de Portugal, passando em 1860, à categoria de cidade.

Durante todo o Século XVIII, a Vila de São José viveu da exploração de ouro e foi um dos importantes centros produtores de Minas Gerais. No fim do século XIX, os republicanos redescobrem a esquecida terra de Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes", fazem uma visita cívica à casa do vigário Toledo, onde se tramou a Inconfidência Mineira. Mas foi o inflamado Silva Jardim que, de passagem por São José, sugere em seu discurso que o nome da cidade fosse trocado para o do herói, em lugar de um Rei português. Com a proclamação da República, por decreto de Número 3 do Governo Provisório do Estado, datado de 06 de dezembro de 1889, recebe a cidade o atual nome "Cidade e Município de Tiradentes". Após longos anos de esquecimento, o conjunto arquitetônico da cidade foi tombado pelo então Serviço do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 20 de abril de 1938, tendo sido, por isso, conservado quase intacto.

Ainda existem na cidade excelentes exemplares de arquitetura civil do século XVIII, como o Sobrado Ramalho, nos quatro cantos: o Sobrado do Aimorés Futebol Clube: na Rua Direita: o Prédio da Prefeitura com suas sacadas de ferro batido e sótão: a casa Nº 114 da Rua Padre Toledo, com forros pintados, representado os cinco sentidos; a casa do Largo do Ó, Nº 1 com forros pintados e três casas com antigas janelas de rótula, na Rua direita.”


Além de uma História que se confunde com a História de nosso país; além de uma impressionante arquitetura que encanta e desperta paixão em todos que com ela tem contato, a cidade que ora homenageamos sobressai-se, nacionalmente, pela sua arte e culinária.

“Em Tiradentes pode-se encontrar artesanato em madeira, pedra sabão, latão, folha de flandres, tecelagem,  prata de boa qualidade e originária de toda região. Os doces mineiros também podem ser degustados em diversas casas como: canudo de doce de leite, doce de leite, ambrosia, biscoito de amendoim, pé de moleque, entre outros. A culinária local preza os pratos mineiros como o feijão tropeiro, tutu mineiro, frango a molho pardo, frango com "ora pro nobis" (erva trepadeira com grande teor nutritivo)”.

A dúvida de muitos que visitam esta encantadora e atraente cidade é a mesma questão que todos nós levantamos: O que mais nos causa deslumbramento nesta cidade?

Seria a Igreja Matriz de Santo Antônio, construída em 1710, sendo a segunda igreja em ouro e uma das mais belas construções barrocas do Brasil. Onde, no seu interior, há um órgão de 1788, que é considerado um dos quinze mais importantes do mundo?
Seria o Sobrado do Aimorés Futebol Clube, na Rua Direita?
Seria o Prédio da Prefeitura com suas sacadas de ferro batido e sótão?
Seria a casa Nº 114 da Rua Padre Toledo, com forros pintados, representado os cinco sentidos?
Seria a casa do Largo do Ó Nº 1 com forros pintados e três casas com antigas janelas de rótula, na Rua direita?
Seria a Câmara Municipal, localizada próxima à Matriz, construída em meados do século XVIII, onde era abrigada a administração pública no período colonial e imperial, hoje chamada de Câmara Municipal de Tiradentes?
Seria a Antiga Cadeia Pública, construída em 1833 e 1845, no local da velha cadeia incendiada, uma construção austera com janelas de cantaria protegida por pesadas grades?
Seria a Casa da Cultura, construída no século XVIII, onde se encontram os microfilmes de 280.000 documentos do acervo do Arquivo Ultramarino de Portugal e do Brasil Colonial?
Seria a Ponte sobre o Ribeirão Santo Antônio, que possui duas arcadas romanas, construídas em pedra no final do século XVIII?
Seria o Monumento a Tiradentes, localizado no Largo das Forras, construído 1892, quando foi celebrado o aniversário da morte do Alferes?
Seria a Capela de Nossa Senhora das Mercês, do final do Século XVIII, com um único altar multicolorido, pinturas em estilo rococó, cenas alusivas à Virgem Maria e imagem da padroeira?
Seria a Capela de Nossa Senhora do Rosário, construída em cantaria (pedra), com três altares de talha de meados do século XVIII e os santos negros São Benedito, Santo Antônio de Cartagerona?
Seria a Casa do Padre Toledo, hoje transformada em museu, construída no final do século XVIII, com esquadrias em cantaria lavradas e sete forros pintados com figuras da mitologia grega, casa onde morreu Padre Toledo, um dos cabeças da Inconfidência Mineira?
Seria o Santuário da Santíssima Trindade, construída em 18 de outubro de 1822?

Trata-se de questões de difícil resposta, pois tudo acima descrito nos encanta, nos impressiona e nos remonta a situações distantes e longínquas, onde quase sempre imaginamos paz, tranquilidade e harmonia.

Por tudo isto, hoje não é um dia comum; é um dia por demais significativo para todos nós, aqui nascidos, aqui criados, aqui adotados, ou simplesmente por aqui atraídos em função deste encantamento que faz desta cidade um lugar muito distinto.

Por isto que, comemorar o trigésimo primeiro aniversário de emancipação política desta magnífica cidade representa comemorar a arte, a culinária, a harmonia, a beleza e a história.

Finalizo saudando à cidade de Tiradentes por esta importante data, e também ao seu maravilhoso povo e visitantes.

                 Muito obrigado.

Adelmo José da Silva