Fotografia da déc. de 20, acervo de Joaquim Ramalho Filho.
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Nem sempre as pessoas que tiveram real importância na vida e por isso merecem ser lembradas, o são. É o caso de um tiradentino que nem sequer tem uma rua com seu nome ou uma mísera lápide para que sua memória seja perpetuada. Falo de POLICARPO ROCHA, nome que não é conhecido das novas gerações. Policarpo Rocha nasceu nesta cidade de Tiradentes em 1860, de uma família oriunda do Bichinho. Era filho de outro Policarpo Rocha. Parece que, ainda jovem, mudou-se para Carandaí, naquele tempo, ainda distrito de Tiradentes, e lá se estabeleceu com negócio de cal. A cal, naquela época, era um grande negócio, pois a ainda não se usava o cimento nas construções e a cal era fundamental.
Policarpo não se esqueceu de sua terra natal. Contribuiu para a obra de acabamento da Igreja da Santíssima trindade, nos fins do séc. XIX e início do XX, para a reforma feita da Igreja Matriz, em 1893, e, nos anos 20, para a reforma do telhado da Igreja do Rosário e da Igreja de São João Evangelista.
Mas o que hoje nos espanta é o fato de ele ter comprado, em 1907, a casa que pertenceu ao inconfidente Pe. Carlos Correa de Toledo e Melo, que se acreditava ser a Casa do “Tiradentes” e que se encontrava abandonada após ter servido de moradia do Juiz da Comarca, Dr. Edmundo Lins.
Seguramente, a casa do Pe. Toledo era a melhor construção da cidade e uma das mais importantes construções civis do período colonial com cerca de quatorze cômodos e onze forros decorados com pinturas. Custou o imóvel 1.200$000 (um conto e duzentos mil réis). Dez anos depois, em 1917, o capitão Policarpo Rocha faz doação do referido imóvel à Câmara Municipal através de escritura pública passada no cartório do 1º ofício, avaliado, naquele momento, em um conto e oitocentos mil réis, para que a Câmara fizesse dele “o uso que lhe convier”.
É um fato notório alguém doar ao poder público um imóvel de tamanha importância. Normalmente, o que se vê atualmente é o contrário, os particulares espoliando os bens públicos como, alias, aconteceu em Tiradentes, onde o Estado doou a Cadeia Pública e a antiga Casa da Câmara e Fórum para a uma Fundação privada. Após a doação de Policarpo, a Casa do Pe. Toledo foi Reformada e para lá se transferiu a Câmara. Ainda na década de 1920, as salas frontais foram transformadas em auditório para teatro e cinema. Em 1930, lá passou a funcionar, além da câmara, a sede da recém criada Prefeitura até que foi cedida para a instalação do seminário Diocesano São Tiago, aberto em 1962.
Havia antigamente, na sala de sessão da Câmara, um grande retrato de Policarpo Rocha, como, também, na Matriz e na Igreja do Rosário. Ainda existe um na Igreja de São João Evangelista e outro no Santuário da Santíssima Trindade, que hoje foi retirado da Sacristia, onde sempre esteve, e colocado junto aos ex-votos.
O capitão Policarpo Rocha faleceu na década de 40 e ninguém de sua família reside na cidade. Fica aqui uma sugestão para que a Câmara lhe preste uma homenagem recolocando seu retrato na sala de sessões e, talvez, denominando uma rua com seu nome, para que sua memória seja perpetuada como grande benfeitor da nossa querida Tiradentes.
Texto de Olinto Rodrigues dos Santos Filho, sócio do IHGT, publicado originalmente no jornal “Inconfidências”,
da Sociedade Amigos de Tiradentes, ano 4 – 1999, nº 26.
Policarpo Rocha era meu bisavô. Pai de Policarpo Rocha Filho que se casou com Josephina De Cusatis (Rocha). O casal teve vários filhos. Uma das filhas era minha mãe Carmen Rocha Graell. Eu sou Angela Rocha Graell
ResponderExcluirMuito bom saber a historia do meu trisavô. Quando for a Tiradentes vou procurar saber mais.
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