Mesa diretora do IHGT

11.10.12

Apresentação (exposição)



“E agora, que o passado é uma lembrança...”
Hino de Tiradentes
Versos de Paulo Terra

Mais que uma lembrança (ousando corrigir o hino...), o passado é uma presença.

Presença viva na pátina dos muros de moledo, na transpiração do arenito da Igreja Matriz...

Presença afetiva no coração dos tiradentinos, tão ciosos de suas vivências seculares.

É principalmente, desta presença afetiva do passado que nos veio a ideia de reunirmos o acervo fotográfico da comunidade, em uma exposição.

Não pensamos em evocar o passado heróico de opulência e aventurismo dos tempos do ouro fácil e farto.

A fotografia apareceu na cidade quando a decadência era um fato que se consumava, que se instalava, com ares de eternidade em cada pedra edificada.

Os tiradentinos de então migravam para outras cidades mais ricas de esperança.

Os que ficaram se apoiaram principalmente na capacidade de resistência. O amor às tradições herdadas deu-lhes forças para continuarem, para conservarem a vida em uma cidade em vias de esvaziamento e abandono.

Os Cem Anos de Fotografia - Numa Comunidade Mineira revelam esta fase.

Cenas do cotidiano de uma comunidade esquecida pelo presente. Cenas ciosamente guardadas em arcas e baús, exumadas para devolver à atualidade a afeição, o amor e a exuberância de pequenos momentos.

A exposição, obviamente, só foi e é possível graças à participação da comunidade.

De um levantamento prévio, feito de casa em casa, de família em família, entremeado de longas e reveladoras conversas (às vezes de pé- de-ouvido quando uma foto descoberta revelava uma lembrança mais íntima...), escolhemos 400 fotografias. Destas tantas, ainda com a ajuda de seus donos selecionamos 110 que ora apresentamos, por julgarmos serem as mais representativas.

A identificação dos acontecimentos, das pessoas e das datas só aconteceram porque o tiradentino apresenta este enraizamento em suas origens. Fato tão real que os proporciona a conservação deste passado próximo, menos exuberante, mas, no entanto mais rico de afeto e de significação humana.

Fernando Rocha da Pitta, 1980.


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