Boa noite.
Queria saudar e agradecer a vossa presença nesta Sessão Solene
alusiva ao Alferes Tiradentes, herói da Inconfidência Mineira, em consequência do
levantamento para a libertação do Brasil da opressão, social, econômica e
política da monarquia expressa na coroa portuguesa.
Não podíamos iniciar esta cerimônia sem fazer alusão ao
homem que foi Joaquim José da Silva Xavier – o
Tiradentes. Conhecemos ele de forma vulgar pelo feriado do dia 21 de abril, em
homenagem ao maior nome da Inconfidência Mineira. Mas ele, é muito maior que
isso. Joaquim José da Silva Xavier, Alferes de cavalaria dos Dragões Reais de
Minas, militar atuante na Capitania de Minas Gerais, sob o comando do então
Governador de Minas, Visconde de Barbacena e subordinada à Coroa Portuguesa.
Joaquim José da Silva Xavier era um intelectual que, aos 30 anos viu a
independência dos Estados Unidos da América, fato que revelou nele sentimentos
revolucionários de libertação e independência do Brasil. Alinhado com
Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio
Gonzaga, já conhecedores das ideias do Iluminismo Francês, uniram-se com o
objetivo de retirar o poder ao então Governador da Capitania de Minas Gerais, o
Visconde de Barbacena, nomeado ao tempo pela Coroa Portuguesa. Divulgador dos
ideais revolucionários, já em 1788 começou a ser planejada por Tiradentes e seus
apoiadores a Inconfidência Mineira. Cabe à história que, apesar do Tiradentes
em meio a muitos apoiadores moderados, ficou conhecido como o mais radical dos
rebeldes, pela forma como divulgava e discutia abertamente as suas ideias
revolucionárias.
Chegou mesmo a tramar e planejar a morte ao tempo do Governador de Minas, Visconde de Barbacena, fato que não
foi concretizado pela delação em confissão de um dos inconfidentes, José
Silvério dos Reis, levando ao desmantelar da trama e prisão de todos os
envolvidos.
Joaquim José da Silva Xavier foi preso,
julgado e condenado pelo tribunal inquisitorial da Coroa Portuguesa. O herói da
Inconfidência Mineira foi enforcado por decisão dos juízes inquisitoriais em 21
de abril de 1792. Decapitado e esquartejado, seu corpo e membros foram
espalhados pela estrada – o caminho novo – que ligava Ouro Preto ao Rio de
Janeiro para que servisse de exemplo à população.
Dando um salto no tempo é fato que, tanto no período
imperial quanto no período republicano, Joaquim José da Silva Xavier ganhou a
imagem nacional do Alferes Tiradentes e passou a ser tomada como um símbolo da
Liberdade e Independência do Brasil.
Em 1965 em plena fase do regime militar no Brasil, o
Presidente Castelo Branco, sancionou a Lei nº 4.897, de 9 de dezembro que
instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e o Alferes Tiradentes,
Joaquim José da Silva Xavier reconhecido oficialmente como Patrono da Nação
Brasileira.
Não queria terminar a minha fala sem contudo, passar aos
presentes nesta Sessão Pública alusiva ao Alferes Tiradentes, algumas
considerações e interpretações de um cidadão naturalizado brasileiro, mas
nascido em Portugal, hoje uma nação republicana e democrática.
Pode parecer estranho tal fato, mas na visão da História não
é. Entendo que a história e os feitos dos nossos maiores
não devem ser esquecidos, omitidos ou simplesmente apagados da nossa
memória e cultura. Devem sim fazer parte de nós como cidadãos, da nossa
educação e prática desde os bancos da escola.
Digo isto porque, sendo a História a base do conhecimento e
desenvolvimento do ser humano ao longo da sua existência, não deve ser
propositadamente subtraída ao conhecimento da humanidade.
Por isso, ao chegar no Brasil com absoluta certeza de querer
ficar, comecei a constatar fatos, conhecimentos e informação que nunca tinham
vindo ao meu conhecimento. É fato que os descobrimentos portugueses e suas
descobertas pelo mundo sempre me interessaram como informação genérica, não
como investigativa. Mas de tudo o que li aqui no Brasil, nada era parecido, tão
forte e elucidativo como o que tinha lido e constatando nos arquivos do Arquivo
Histórico da Torre do Tombo.
A compra de livros no Brasil foi a solução para tirar
dúvidas, ficar com informação e dados que desconhecia. O resultado foi
surpreendente porque, nos ensinaram que o “Brasil tinha sido descoberto por um
almirante de nome Pedro Alvares Cabral” e pouco mais. Sobre Capitanias, como
eram administradas, social, política, econômica e religiosa, era segredo como
vim a saber mais tarde. Esses arquivos, na década de 50, 60 e 70 faziam parte
de acervo muito bem guardado e acesso restrito.
Pode dizer-se que os mal feitos, atrocidades, e mortandade,
foi fruto de uma época de expansão e desenvolvimento de um país no caso
Portugal - (séc. XIV ao séc. XIX).
Mas não podia ter sido omitida a informação dos fatos
ocorridos, fossem eles da Coroa Portuguesa ou da Inquisição Teológica. A esses,
a humanidade deveria ter tido acesso e conhecimento.
Reafirmo o que mencionei no parágrafo 6 - Entendo que a
história, os feitos dos nossos maiores não devem ser esquecidos, omitidos ou
simplesmente apagados da nossa memória e cultura. Devem sim fazer parte de nós
como cidadãos, da nossa educação e prática desde os bancos da escola.
Por isso, o Instituto
Histórico e Geográfico de Tiradentes deve continuar a manter a guarda destes
valores imemoriais. Incluo aqui o Plano Diretor Municipal Participativo de
Tiradentes, documento fundamental na compreensão e aplicação dos valores
Históricos e Culturais.
Termino como uma
saudação ao Herói Tiradentes – Joaquim José da silva Xavier, à Cidade de
Tiradentes e um VIVA AO BRASIL .
Tiradentes, 21 de abril de 2019.
Antônio Proença
Nenhum comentário:
Postar um comentário