Por volta de 1968/69 foi furtada
no Santuário da Santíssima Trindade uma imagem do Menino Deus, do tipo
“Salvator Mundi”, em madeira esculpida e policromada, com os cabelos dourados.
O menino nu, de braços abertos com a mão direita de abençoar, pisava um globo
terrestre em tons azulados. Esta imagem, possivelmente mineira, devia datar do
início do século XIX. Ela ficava entronizada no retábulo colateral à direita de
quem entra (no outro ficava o São José, que hoje está no nicho do altar-mor),
que ainda tem seu símbolo pintado na mesa do altar. Esses retábulos são
posteriores a 1824, pois neste ano o bispo D. Frei José da Santíssima Trindade
cita a igreja com um só retábulo de “tábua recortada e pintado de branco”.
Essa imagem saía em procissão em
um andorzinho feito especialmente para ele, quando havia a Páscoa das Crianças.
A procissão saía da igreja matriz e ia até o Santuário da Santíssima Trindade
onde todos assistiam a missa e comungavam. Quanto tinha 8 ou nove anos
carreguei esse andor.
Quando o menino foi furtado ele vestia m vestido franzido
azul, com rendas prateadas e vidrilhos. O ladrão jogou as vestes no bambuzal
ali do lado da igreja. O mais curioso na época é que a igreja não foi
arrombada: a porta lateral foi encontrada aberta, com a tranca encostada na
parede.
Nesta fotografia dos anos1950 feita por José Geraldo
Conceição, conhecido como Juca Ourives e irmão do Eros Conceição, parece ser de
uma procissão especial da Sagrada Família. O andor é o que sai a Nossa Senhora
do Rosário e o São José da Matriz. A imagem de Nossa Senhora é a da Virgem
Menina, que faz parte da imagem da Sant’Ana que fica no altar do Descendimento;
o São José é o que pertence a igreja da Trindade e que ficou no Museu de Arte
Sacra do Rosário de 1966 a
1969 e depois ficou guardado na Matriz. As coroas que estão na Nossa Senhora e
no Menino Jesus, assim como o resplendor que está no São José, se encontram
hoje no Museu da Liturgia. As jarras de metal prateadas e facetadas ainda
existem na matriz.
A foto foi tirada em frente a porta lateral, por onde se
abre a igreja, onde é possível ver um tampão feito na época pelo Pe. José
Bernadino.
Olinto Rodrigues dos Santos Filho
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