25.5.23

Pela preservação da Serra de São José


Nesta semana recebemos com surpresa a notícia de um Leilão judicial do terreno "Maria Joana", popularmente conhecido como Mangue, que, atualmente, pertence à SAT (Sociedade Amigos de Tiradentes). O leilão foi desencadeado após a SAT ser multada pelo IEF no ano de 2008 em decorrência de um incêndio criminoso que aconteceu no terreno. Caberia ainda ressaltar que a referida instituição havia comprado aquele espaço por motivos de preservação, não sendo responsável pelo incêndio. Por não poder arcar com a multa, duas situações ocorreram: em primeiro lugar, a SAT ficou impossibilitada de realizar convênios e outras ações, como aquelas de cunho preservacionista; em segundo lugar, levou a justiça a determinar que o terreno Maria Joana fosse leiloado.

Após intervenção da Prefeitura Municipal de Tiradentes, o leilão, que aconteceria dia 22 de maio de 2023, foi suspenso por um prazo de 30 dias por determinação do juiz Thiago Guimaraes Emerim.

Como fora informado, alguns lances, dados antes da suspensão do leilão, foram feitos por empresas mineradoras e construtoras, cujas ações poderiam ser de grande impacto para a preservação cultural e ambiental de Tiradentes. Portanto, trata-se de um panorama muito sério, pois o terreno da Serra/Mangue, além de ser um local de lazer dos tiradentinos e turistas, é também área de preservação ambiental e refúgio de diversas espécies de nossa fauna e flora, sendo inconcebível e inaceitável a exploração mineral ou a especulação imobiliária. 

Considerando os objetivos do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, a saber, realizar pesquisas sobre a história local; proteger o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, arqueológico, geográfico e cultural da região do Rio das Mortes; à instituição cabe, também, a responsabilidade na luta em prol de um dos nossos bens mais preciosos. 

Isso posto, o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes endossa o coro pela não realização do leilão. Cabe ainda lembrar ser do IHGT a solicitação da abertura do processo de tombamento em nível federal da Serra São José junto ao IPHAN, ocorrida em 1979 (sendo esse um anseio que viria assegurar a preservação daquele bem). Solicitamos que seja dado andamento ao processo de tombamento por considera-lo uma importante ferramenta de preservação de nossa Serra.

A Serra é patrimônio nosso e não pode ser repassado para quem não fará sua preservação ou que minará a participação daqueles que construíram suas identidades em relação com aquele espaço. Muitas gerações futuras precisam e terão a Serra São José (e o Mangue) como um local de lazer e de memória. 

Seguimos firmes na luta pela preservação desse nosso importante patrimônio ambiental.