22.11.09

Pelo Tombamento Federal da Serra de São José

Pelo Tombamento Federal da Serra de São José

Luiz Cruz*

Os paulistas foram os pioneiros a adentrarem pelos sertões dos cataguás. Por longos anos a atividade deles foi capturar índios para mão-de-obra em suas produções agrícolas; depois, com as descobertas dos ribeiros auríferos, iniciaram a ocupação dos sertões e a instalação de arraiais. Na região do Rio das Mortes, o primeiro arraial instalado foi por volta de 1702, o Arraial de Santo Antônio do Rio das Mortes, que veio a ser a Vila de São José del Rei e posteriormente Tiradentes. Os paulistas chegaram aqui, provavelmente, atraídos pela serra, pois eles utilizavam os pontos mais altos para apreciação e avaliação da área, para a busca do ouro. A Serra de São José recebeu esta denominação por ser a serra da Vila de São José.

Muitos viajantes estrangeiros passaram por Tiradentes e registraram suas impressões sobre a cidade e sua serra. Hoje, esses registros tornaram-se relevantes, pois são os primeiros que temos sobre a Serra de São José. Richard Burton quando passou pela Cachoeira do Bom Despacho, relatou que, passando pela “Serra do Córrego, prolongamento da Serra de São José: a massa irregular de calcário e arenito ainda conserva, segundo dizem, ouro e cristal de rocha”. Relata ainda sobre a Capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, “que quando o ouro abundava no Córrego, ela era bem tratada, mas que nos últimos quinze anos caiu em ruínas”. Integrando a expedição do barão alemão Grigori I. Langsdorff, estava o desenhista Rugendas, que registrou uma bela imagem de Tiradentes com a Matriz de Santo Antônio e a serra em sua imponência. A história de Tiradentes está intrinsecamente interligada à Serra de São José, em todos os momentos de sua longa história, até mesmo na Inconfidência Mineira. O inconfidente Padre Toledo foi preso atrás da Serra de São José, quando tentava fugir.

Em 1979, o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes solicitou o tombamento federal da Serra de São José. Desde então, há um processo que se arrasta por anos e se faz necessária sua conclusão, para o reconhecimento da Serra de São José como Patrimônio Cultural de Tiradentes e região. Além de integrar a beleza cênica de Tiradentes, que é protegida desde 1938, a serra foi uma área de extração de ouro das mais expressivas de Minas Gerais. Em diversos pontos da serra é possível apreciação das técnicas empregadas no garimpo, até os vestígios de um mundéu, represa para lavagem de cascalho aurífero. Trechos de trilhas compunham o Caminho Velho, que ligava a localidade à Vila Rica e ao porto em Paraty/RJ, foram calçados por grandes blocos de pedras. As cavas antigas possibilitam caminhadas sombreadas e muito agradáveis, por elas circulavam as tropas que iam levando o ouro e voltavam com as mercadorias para o abastecimento local. Bem no meio da Trilha do Carteiro há um ponto curioso, um monte de pedras com uma cruz, lembrando que ali fora assassinado um carteiro. Do topo da serra, temos uma paisagem deslumbrante: um mar de montanhas e o conjunto arquitetônico de Tiradentes, ainda um dos mais preservados do Brasil. Podemos, também, apreciar outros belos conjuntos como o de São João del Rei e o do povoado do Bichinho.

Ao longo de tantos anos, a luta pela preservação da Serra de São José e sua biodiversidade resultou na criação de algumas unidades de conservação ambiental, pelo Governo de Minas, como uma APE – Área de Proteção Especial, uma APA – Área de Proteção Ambiental e um REVS – Refúgio de Vida Silvestre. A Serra de São José integra a Reserva da Biosfera, declara pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade.

Se a questão ambiental conquistou seu reconhecimento, a importância histórica ainda está para ser reconhecida, apesar dos apelos da comunidade de Tiradentes. Aqui, o equilíbrio entre Patrimônio Histórico e Patrimônio Ambiental torna-se vital. Um complementa o outro. Ambos tornam Tiradentes e região uma referência que agrega valor e interesse, tanto para a população quanto para turistas e especialmente pesquisadores.

No dia quatro de dezembro, sexta-feira, às 20:30 h, no Centro Cultural Yves Alves (Tel. 32 3355-1503), o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes estará lançando a campanha: Pelo Tombamento Federal da Serra de São José, com a presença do presidente do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Dr. Luiz Fernando de Almeida, do Procurador da República, Dr. Antônio Arthur Barros Mendes, do titular da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico/MG, Dr. Marcos Paulo de Souza Miranda e convidados. Na ocasião, serão apresentados uma palestra do técnico do IPHAN, Carlos Fernando de Moura Delphin e um pequeno recital de poemas, com a Oficina de Teatro Entre & Vista.

Luiz Cruz – Professor, associado do IHGT

Tombamento da Serra São José

Pelo Tombamento Federal da Serra de São José

Rugendas

Lançamento da Campanha de Tombamento

Dia 4 de dezembro de 2009, às 20:30 horas

Centro Cultural Yves Alves
Rua Direita, 168 – Centro Histórico - Tiradentes


Uma campanha do:

Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes

Apoio:

Centro Cultural Yves Alves ♦ Instituto Cultural Biblioteca do Ó
Oficina de Teatro Entre & Vista

15.2.09

Restauração do Órgão da Matriz de Tiradentes

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Órgão da Matriz de Santo Antônio de Tiradentes, instrumento feito na cidade do Porto, em Portugal pelo organeiro Simão Fernandes Coutinho entre 1785 e 1788. A caixa foi feita no local pelos artífices Salvador de Oliveira (entalhador), Antônio Teixeira Viana (entalhador), Antônio da Costa Santeiro (escultor), Antônio Rodrigues Penteado (marceneiro) e João Damaceno (marceneiro). A pintura e douramento foram feitas por Manuel Victor de Jesus, em1798. O órgão foi montado e afinado pelo Pe. Antônio Neto da Costa, e inaugurado em setembro de 1788 pelo organista Francisco de Paula Dias.

Com o patrocínio da Petrobras, Itaú Cultural e Usiminas, o órgão foi restaurado entre 2005 e 2008. O mecanismo foi restaurado por Gerhard Grenzing na cidade de Barcelona, Espanha. A caixa foi restaurada no local (Tiradentes) pela empresa Anima. Nos dias 7 e 8 de fevereiro de 2009 foi feita a entrega da restauração com missa solene, quando foi usado o órgão executado pelo organista espanhol Andrés Cea, com a participação do coro "VivAvoz". Em seguida houve um concerto de gala pelo mesmo organista. No domingo a programação musical foi repetida. Na missa e concerto foi executada a "Missa Breve" de Manuel Dias de Oliveira (1735-1813), compositor de Tiradentes.

A restauração foi feita através das Leis de Incentivo Cultural Estadual e Federal, sendo proponente a Sociedade Amigos de Tiradentes e gerenciado pelo Bureau Cultural Santa Rosa, com apoio da Paróquia de Santo Antônio de Tiradentes e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

órgão fora da caixa, em fase final de restauração no atelier de Gehard Grenzing, em Barcelona

Padre José Bernardino

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Pe. José Bernardino de Siqueira, vigário da Paróquia de Santo Antônio de Tiradentes, entre 1923 e 1956. Era natural de Itapecerica, e de Tiradentes foi para a Paróquia de José de Melo, próximo a Caeté. Quando vigário foi responsável pela reforma das igrejas da Santíssima Trindade, São Francisco de Paula, Bom Jesus da Pobreza, Santo Antônio do Canjica e da Capela rural de Nossa Senhora do Pilar do Padre Gaspar.