O Auto de Criação da Vila de São José do Rio das Mortes, documento que registra a criação da dita vila em 19 de janeiro de 1718, por ordem do Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida e Portugal. Este documento oficializou a elevação do Arraial Velho de Santo Antônio do Rio das Mortes à categoria de vila, recebendo o nome de Vila de São José del-Rei. A escolha do nome foi uma homenagem ao príncipe Dom José, que na época era ainda uma criança e que futuramente se tornaria o rei Dom José I de Portugal.
Além disso, foi registrado o Auto de Repartição do Termo da Vila, que determinava o Rio das Mortes como a divisa natural entre a Vila de São João del-Rei e a Vila de São José del-Rei. Essa divisão territorial permaneceu válida até o final do século XIX.
Extravio e Recuperação do Documento
O documento original sofreu um longo processo de extravio. Ele foi retirado do Livro de Primeiro de Acórdãos de Criação da Vila de São José e, posteriormente, enviado ao Arquivo Público Mineiro. Não se sabe ao certo como, mas acabou sendo devolvido à cidade de Tiradentes. Contudo, as páginas específicas que continham o Auto de Criação e o Auto de Repartição foram parar na cidade de Cataguases, onde ficaram expostas em um museu local.
Essa situação gerou mobilizações para a recuperação do documento. Foi Humberto Paolucci quem teve o primeiro contato com o documento no museu de Cataguases e comunicou o fato ao pesquisador e sócio do IHGT Olinto Rodrigues dos Santos Filho. Com isso, iniciaram-se esforços junto à Prefeitura e à Câmara Municipal de Tiradentes para sua devolução. Embora o processo tenha enfrentado resistência inicial – já que o documento era considerado parte do acervo do museu –, uma ampla mobilização, incluindo a participação do também sócio do IHGT e, à época, diretor da Rede Globo Minas, Yves Alves, gerou grande repercussão, com destaque na mídia. Isso resultou na devolução do documento, reconhecido como a “certidão de nascimento” da cidade de Tiradentes.
Cerimônia de Entrega
A partir da iniciativa do IHGT para o resgate do importante documento, ocorreu a restauração feita pela Casa Rui Barbosa e, depois, uma cerimônia solene foi realizada no salão central do Fórum de Tiradentes para oficializar a devolução do documento. O evento contou com a presença de autoridades locais, como o presidente da Câmara, o prefeito e representantes da Fundação Roberto Marinho. Também esteve presente Estela Mauro, responsável pela guarda do documento em Cataguases e sobrinha do cineasta Humberto Mauro, e o prefeito de Cataguases, Milton Carvalheira Peixoto. Na ocasião, foi feita a reprodução e distribuição do conteúdo do documento aos participantes, marcando um momento significativo para a memória histórica da cidade.
Esse resgate reforça a importância da preservação de documentos históricos e do trabalho conjunto entre instituições e sociedade civil para garantir que esses registros permaneçam acessíveis às gerações futuras.
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