11.10.12

Sobre a exposição


Família não identificada, Vitoriano Veloso, 1881



Considerada uma das sete formas de expressão artística, a fotografia deve ser observada também fora do contexto estético: ela adentra o campo histórico e sócio-político dando indícios sobre como as pessoas se relacionavam e relacionavam com o meio no qual estavam inseridas. Se a sociedade está em constante transformação, a fotografia nos possibilita a observação de registros históricos e, ao mesm o tempo, permite a elaboração de análises do presente através desses registros. Em suma, a fotografia nos permite analisar o presente por aquilo que as ações passadas permitiram. 

 É importante dizer que a história não se faz apenas de “grandes” homens ou eventos. Talvez, por isso, eventos cotidianos, que tomamos como coisas simples, dão evidências da importância dessa “simplicidade“ para o tempo. A história rompe com o culto aos fatos ao buscar as condições que tornaram possíveil certos acontecimentos, início e fim das tradições. 

 A reedição da exposição “Um Século de Fotografias em Tiradentes” vem nos fazer reelaborar o passado de nossa cidade e de nossas famílias e faz lembrar algumas tradições deixadas de lado, como é o caso dos piqueniques na serra, transporte da cachaça, velório de crianças, etc. Por outro lado, as fotografias nos permitem analisar mais a fundo o desenvolvimento de nossa cidade, já não é necessário fotografar velórios para mostrar o corpo falecido para familiares distantes, já que deixou de ser comum o velório de crianças falecidas precocemente devida a carência de infraestruturas. 

 Portanto, fazemos o convite para que, mais que a contemplação da beleza e singularidades das fotografias expostas, possamos pensar a história e essa exposição pelas várias vertentes possíveis e, ao mesmo tempo, ter ciência que, neste momento, como em todo tempo, nós estamos construindo a história que será contada futuramente. 

 David I. Nascimento 
Presidente do IHGT


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